Quando as pessoas crescem



Lembro de quando era criança, tudo era tão descomplicado e simples. Tínhamos que nos preocupar apenas com as notas na escola, o resto tornavam-se brincadeiras entre amigos e reuniões com a família. Tudo virava festa, até velório se tornava diversão, por encontrar todos os primos por lá. Eu sempre tive família grande.

Mas o tempo não pede licença pra passar. Um dia a gente se percebe dentro de um escritório, fazendo planilhas no Excell e apresentando feedback aos chefes. Damos sorte quando encontramos bons chefes, eu tive essa sorte.

As rotinas e preocupações agora são outras, pouco vemos os primos que tanto faziam parte de nosso dia a dia, e menos ainda os poucos amigos que restaram daquele tempo. As relações agora estão bem mais complicadas, metas a cumprir e prazos de entregas acabam abafando a pessoa que existe dentro da gente, é difícil manter viva e alimentada aquela criança que não tinha medo de dizer “eu te amo” pra um coleguinha, um primo, um amigo.

Não tínhamos medo de criar laços fraternos e de amizades, mas de repente, crescemos, e todas essas coisas deixaram de ser prioridade. Vivemos sós nas nossas relações superficiais, onde as pessoas passam a ser metas a cumprir também, ou não passam de um número de telefone, que, quando convém, atendemos ou não.

Antonie Saint-Exupéry, diz que nos tornamos responsáveis por tudo aquilo que cativamos. No fundo sabemos bem disso, e acabamos fugindo tanto de relações que podem se tornar profundas. Afinal, responsabilidades é o que não nos falta, para que vamos procurar voluntariamente outras?

Há um mês, meu carro deu problema no centro da cidade. Era tarde e estávamos eu e uma amiga, as duas não entendiam nada de carro. Olhei minha lista de telefone de 250 contatos, mas não podia contar com nem 5% deles pra me socorrer. Tentei o telefone de um carinha com quem estava saindo, mas que nunca estava ligado, e desta vez não foi diferente.

Quem me conhece sabe que não desisto fácil, mas desta vez só tentei uma vez. Resolvi ligar pra um amigo. Que chegou lá em menos 15 minutos, mas que também não entendia nada de carro, tão leigo quanto nós duas. Rimos muito de tudo e ele me seguiu ate em casa para assegurar que o carro não ia mais parar. Fui dormir com uma sensação boa de que, apesar dos pesares, ainda tenho para quem ligar.

Eu cresci também. Minha lista de contatos no celular me diz isso. Mas ainda busco a responsabilidade de criar laços e cultivar amigos.

4 comentários:

Unknown disse...

Nossa, gostei muito! Eueuheueh dia engraçado aquele xP

Danubia Vilhena disse...

hahah.. apesar do prejuizo enormeeee... foi pelo menos engraçado!! rsrs... ei, Carlitos obg por ter ido lá!!! nosso heroiii! hahah!!

Unknown disse...

Cara...que legal esse texto! Adorei muito...soh não entendi pq tu não me ligaste! =/ Eu te ajudaria da mesma forma q eu te fiz sair meia noite do armazem pra procurar um chaveiro e levar la na fazendinha pra abrir meu carro q eu tranquei a chave dentro! Te amo, Dan...me orgulho muito de ter sua amizade
Bjs da "tua mônica"! ;**

Danubia Vilhena disse...

Ah! Meu amorzinhoooo, vc faz parte dos 5% que sei que posso contar sempre!
Saudade de vc!
bj